sábado, 4 de dezembro de 2010

Soneto do Cativo - poema de David Mourão-Ferreira


"Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;

se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encantamento e de desprezo;

não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!"

David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”

2 comentários:

  1. A capacidade de estar sozinho é a capacidade de amar.

    Isso pode parecer paradoxal a você, mas não é. Essa é uma verdade existencial.Somente pessoas que são capazes de estar a sós e se sentirem confortaveis consigo mesmas, são capazes de amar, de compartilhar. De ir até o âmago da outra pessoa sem possuí-la, ou sem se tornar dependente do outro, reduzindo o outro a uma coisa, e sem ficar viciado no outro.

    Permitem ao outro liberdade absoluta, pois sabem que se o outro for embora eles serão tão felizes como são agora. A felicidade deles não pode ser tirada pelo outro porque não foi dada pelo outro.

    Então porque eles querem ficar juntos? Isso não é mais uma necessidade, é um luxo!
    Eles apreciam compartilhar, possuem tanta alegria que gostariam de derramar sobre alguém.

    Eles sabem como tocar a vida deles como um instrumento solo. O tocador de flauta solo sabe como desfrutar de sua flauta sozinho. E se ele chega e encontra um tocador de tabla solo, ambos irão gostar de ficar juntos e criar uma harmonia entre a flauta e a tabla.

    Osho

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  2. Concordo plenamente que a nossa felicidade só depende de nó spróprios.
    E para darmos Amor aos outros temos que tê-los nós proprios, e por nós proprios, em primeiríssima instancia!

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