segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tua

Hoje falavam-me em viagens de comboio... Daquelas que fazíamos na infância, para a terra dos avós!

Logo me veio à memória a vigem pela linha do Tua, que fazia nas férias grandes para chegar a Trás-os-Montes.

De Lisboa até Macedo era um dia inteiro de viagem, mas na minha memória apenas ficaram impressos os momentos em que o combóio parava na Régua, e que nós aproveitavamos para comprar os famosos rebuçados que as senhoras vendiam na plataforma da estação, e a beleza natural da linha do Tua.

No Tua circulava à data uma automotora a vapor. Eu ia o caminho inteiro à janela e chegava a Macedo invariavelmente toda suja e enfarruscada!

Mas aquela paisagem tinha que ser vista do lado de fora do vidro... Só assim se absorviam as cores e os cheiros daquela natureza bruta e bela como nenhuma outra.

Ao fundo do vale o rio ia baixo, e todos os pedregulhos, pedras e pedrinhas do seu leito ficavam visíveis sob o calor do Verão. O sol batia na água e nas pedras molhadas e reflectia-se em mil cores de arco-iris.

As pedras, moldadas pelo correr da água, tinham formas que faziam voar a imaginação de qualquer criança. Umas pareciam bichos, outras mós de um moínho... Havia de tudo.... Mas não havia duas pedras iguais.

E o verde daquela vegetação... E o brilho do Sol por entre a copa das árvores...

Não sei se é da nostalgia daqueles tempos e das saudades que eles trazem, mas recordo aquele cenário com uma nitidez impressionante... E até juro que nunca vi nada assim noutro lugar do mundo.

Hoje a linha do Tua está desactivada e a Estação de Macedo ao abandono... À semelhança de todos os outros apeadeiros, pequenos e acolhedores, que havia ao longo daquela linha. Em Mirandela aproveitaram os antigos carris para fazer circular o metro de superficie... Mas não é a mesma coisa.

Dou comigo a sonhar com um tempo que passou... E percebo que mesmo que hoje pudesse repetir aquela viagem não seria a mesma coisa... Eu já não tenho 7 ou 8 anos... A minha mãe e a minha avó já partiram... E os momentos... Aqueles momentos, tal como todos os momentos são irrepetíveis... Por mais que queiramos voltar atrás e agarrá-los só podemos prende-los na nossa memória.

E assim, com menos um bocadinho de mim, mas com uma recordação maravilhosa, volto ao aqui e ao agora.

sábado, 23 de abril de 2011

Os 30, no feminino

Dizia eu que os 30 são a melhor fase das mulher. O verdadeiro apogeu do sexo feminino!

Efectivamente, os 30 trazem-nos um autoconhecimento, uma autoconfiança e uma paz de espírito que gostaríamos de ter tido aos 20... Mas não era a hora certa! Provavelmente, sem as aprendizagens e os dissabores dos 20 não estaríamos preparadas para as lições dos 30.

Aos 30 aprendemos a dizer "Não!", sem sentimentos de culpa, sem remorsos, e sem a necessidade imperiosa de justificar esse "Não!"... E como é libertador dizer "Não!"... Às vezes, também é libertador dizer "Sim!". E até esse, já vem livre de culpas, remorosos e justificações.

Aos 30 já fizemos as pazes com o nosso corpo e aceitamo-nos tal como somos.

Aos 30 já percebemos que a sensualidade não depende do peso nem das medidas, mas que é uma atitude e vem de dentro.

Aos 30 não somos consumidas pelos ciúmes nem pelas inseguranças.

Aos 30 compreendemos que não é possível agradar a todos e aceitamos isso com naturalidade.

Aos 30 pouco nos importa o que os outros pensam. Importa-nos sim o que nos faz felizes e aquilo com que nos sentimos bem.



Se os 30 são assim, o que nos esperará aos 40?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os véus da felicidade - Ilusão e ressentimento

“When you hold resentment toward another, you are bound to that person or
condition by an emotional link that is stronger than steel. Forgiveness
is the only way to dissolve that link and get free.” Catherine Ponder